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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Revitalização do cultivo da Araruta no Recôncavo da Bahia - Veja como tudo começou.

Agricultores do Recôncavo voltarão a cultivar a araruta
Famílias tradicionais do Recôncavo voltarão, em breve, a cultivar uma planta que, por muito tempo, serviu de base alimentar e, na cultura popular, povoou a infância de gerações na região: a araruta, que tem o nome científico de Maranta arundinacea. A raiz dessa planta foi muito procurada no passado, para produção de um polvilho básico na preparação de papa para recém nascidos, mingaus, biscoitos e bolos. Apesar da tradição e do sabor inigualável, foi substituída por produtos da indústria alimentícia e, sem o amparo industrial, cedeu para o polvilho de mandioca e a farinha de trigo e de milho.
A araruta não contém glúten, uma substância não-recomendada aos celíacos, pessoas impedidas de consumir trigo, aveia, cevada e centeio – que a apresentam, após eliminado o amido. No entanto, a araruta, que é produzida de forma artesanal no País, não integra o processo industrial das massas, embora comece a despertar o interesse da indústria produtora de amido no Brasil, devido às suas propriedades diferenciadas.
No Sítio Bonsucesso, na zona rural do município de Conceição do Almeida, com orientação técnica de um engenheiro agrônomo, dois pequenos produtores iniciaram o cultivo da araruta com vistas ao aproveitamento comercial da fécula, que pode ser industrializada da mesma forma que a mandioca.
São 100 kg de araruta para produzir 18 kg de fécula. Da família do gengibre, a araruta produz um rizoma rico em amido, de fácil digestão. Deste rizoma, fibroso, a extração do amido é nos moldes do que é feito com a mandioca, para obtenção do polvilho.Além de o polvilho de araruta ser raro na região, o cultivo da planta deixou de ser comum. “O mingau da araruta é apreciado no meio rural, mas perdeu-se o costume, pela dificuldade de encontrar a fécula. A araruta, além de nutritiva, tem valor medicinal. Estamos fazendo os primeiros testes com adubo orgânico”, ressaltou o pequeno agricultor Pedro Coni.
A araruta era cultivada pelos índios no Brasil antes da chegada dos portugueses. Nas últimas décadas o cultivo da planta entrou em declínio, devido à concorrência com a fécula de mandioca, mais fácil de ser obtida. Como resultado, a araruta deixou de ser produzida em quase todo o País e entrou em extinção em algumas comunidades indígenas.DONA JOVEM – Em todo o Estado da Bahia, uma das poucas produtoras que ainda cultivam a araruta é a agricultora Jovelina Fagundes dos Santos, de 71 anos. Dona Jovem, como é conhecida na região de Dom Macedo Costa, iniciou o plantio no Sítio Novo Riachão, com oito pés da planta, em 1982. Na época ela colheu 5 kg de raiz.
“Com ralo de lata, fazia o preparo caseiro do polvilho e, seguindo receitas, com resultados deliciosas, produzia mingau, bolo, biscoitos e vendia a farinha à vizinhança. Quem não podia pagar, trocava por galinha, ovos. Aumentei a produção da fécula e muita gente doente começou a procurar, para fazer mingau”, contou.Dona Jovem chegou a colher duas cargas de cestos (panacum) carregados de raiz da araruta.
“Vendia três litros da goma. Em um ano fiz 240 litros. Como só eu plantava, distribuí muitas mudas e raiz, mas, hoje, não se encontra quem cultive. Eu ganhei a primeira muda de uma tia do meu esposo, há quase 30 anos. Hoje, a produção é pequena e só faço a fécula quando encomendam, porque dá muito trabalho”, garante.
Foi Dona Jovem quem forneceu as mudas de araruta aos agricultores Carlos de Andrade e Pedro Coni, que começaram a plantar como forma de resgatar o cultivo. No ano passado, os dois receberam 20 mudas, depois mais 40, para começar o primeiro ensaio, um teste com adubo orgânico. “A produção é orgânica, o investimento é barato, o bagaço serve para compostagem e a araruta se adapta bem ao clima.
Nosso objetivo é incentivar o cultivo para o desenvolvimento local já que é uma cultura promissora”, garante Carlos de Andrade. Segundo Pedro Coni, o interesse no resgate do cultivo da araruta é buscar alternativa de emprego e renda para os pequenos agricultores. “Estamos à disposição das instituições financeiras para parceria para podermos expandir o plantio da araruta na região e incentivar o pequeno agricultor a plantar”, assegura.“Ela é uma cultura rústica, exige pouco manejo e tem ciclo anual. A colheita é maio-setembro. Plantada em períodos chuvosos”, explica o agrônomo Ivan de Assis.
Jornal A Tarde (20/08/2007)
CRISTINA SANTOS PITA

2 comentários:

  1. Conheço de tempo de criança a importancia de suas propriedades e sempre pensei em cultivar, porém não sei como e onde encontrar mudas, tenho espaço a vontade e agora masi do que nunca quero plantar. Não sei como ainda, pois não disponho da mudas.

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    1. Para adquirir as mudas acesse o site
      http://ararutadabahia.loja2.com.br/308648-Araruta-Mudas-Pedido-minimo-50-unidades

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